Se as árvores tivessem alma, talvez uma qualidade que se poderia atribuir a elas fosse a suavidade. Suavidade não é ausência de força, mas algo que não perturba, não pressiona, mas conhece o poder que tem e oferece abrigo. As árvores são estruturas enormes, mas com sistemas de crescimento e decadência tão complexos que podem ser destruídos em questão de minutos. Não é à toa que a humanidade escolheu a imagem da árvore para ilustrar a própria história: árvore da vida. E mesmo assim elas são tão simples, tão suaves. A semente cai no chão e independentemente do clima, brota, cresce sem ser interrompida por nada, exceto pela violência humana. Nunca tenta ser diferente do que é, tendência que tanto incomoda. Os carvalhos não perdem sua condição de carvalho, a menos que sejam cruzados com outra espécie ou submetidos a outro procedimento artificial.
As árvores também não ferem. Ainda que se destaque sobre os animais ou sobre um monte insignificante de arbustos, a árvore não os toca. Ao contrário, oferece abrigo.
Pelo que se sabe, as árvores não têm alma. Mas há almas que são como árvores, enormes em pensamento e ainda assim totalmente suaves. Não a suavidade da insegurança. Essa pode enganar às vezes. Lembro-me de uma colega de escola que era assim: muito inteligente, mas sua escrita carecia de profundidade. Seus poemas eram perfeitos, até a última linha quando a rima soava errada. Parecia que sua suavidade a mantinha a apenas um passo de brilhar. Hoje, acho que ela tinha medo ou não sabia que era tão boa.
A verdadeira suavidade é um grande poder. O poder que vê, entende, mas não interfere. É como o galho da árvore que encosta na terra, mas não cria raízes. Suavidade é não criar raízes na mente do outro, mas ajudá-lo.
É difícil não pensar em Deus quando se diz essas coisas. Imagine, o Ser que no universo vê e entende todas as coisas é, ao mesmo tempo, Aquele que se mantém totalmente distanciado, só influenciando se for convidado. O relacionamento com Deus é um relacionamento ideal porque a vida é enormemente influenciada; mesmo assim, é como estar ao lado de alguém muito tranquilo que apenas nos ensina a olhar e não diz: “olhe para mim, eu lhe mostrarei”, mas diz: “fique aqui e veja como lidar com sua vida”. Todos nós precisamos dessa árvore gentil sob a qual sentar.
A fonte é o livro Beleza Interior, o livro das virtudes, da autora Anthea Church, editora Brahma Kumaris e edição eletrônica de 2013. Livro na amazon: http://a.co/fW3VFYA
19 sinônimos para 5 sentidos da palavra suavidade:
- maciez, delicadeza.
- moderação, intensidade.
- meiguice, ternura, afeto.
- graça, graciosidade, elegância.
- amenidade, brandura, doçura, fleuma, mansidão, mansuetude, placabilidade, quietude, serenidade.
Quanto da pessoa que você mostra ao mundo é você na essência? Seu Eu Superior? Quanto de você é um “cruzamento” de carvalho com outra árvore que você tenta ser? Você se considera autêntica ou autêntico? Tem “coragem” de mostrar que você realmente é?
Quando vamos nos desenvolvendo durante a encarnação, revelamos nossos característicos de nossa personalidade congênita, desenvolvida ao longo de várias e várias encarnações, e muitas vezes, por medo, ou julgamentos, começamos a criar máscaras sociais para a nossa aceitação, para a nossa inclusão no meio social em que convivemos, porém, isso tira nossa suavidade, e nos torna rígidos, é uma brutalidade com nossa essência, não que “nasci assim e vou ser sempre assim” como muitos dizem, mas a mudança de fora para dentro, é como segurar uma bola cheia de ar dentro água, uma hora o braço doí e ela vem com toda força na cara da gente, causando dor e sofrimento.
Então como fazer? Como equilibrar aquilo que penso e sinto como aquilo que falo e faço de modo a manter a suavidade e ao mesmo tempo ser aceito pela comunidade que estou?
Creio que a resposta requer uma certa separação de ideias, e muita reflexão. Primeiro que não devemos artificializar nossa conduta para que as pessoas aceitem ou gostem da gente, se você se preocupa com isso, já deve ter percebido que não importa o quanto você se esforce nesse sentido, há pessoas que simplesmente não gostam da gente, e outras que gostam da gente independente de nosso esforço, ou seja, o gostar de uma pessoa não depende da pessoa, e sim de quem quer gostar.
A segunda reflexão, e mais direcionada para a virtude de hoje, é pela suavização do nosso ego, pois aquilo que nós fazemos e que de alguma forma não foi aceito, não é nossa essência e sim nosso ego, e é ele quem precisa ser modificado, e essa modificação deve ser suave, e como fazer isso? Buscando nos conhecer, identificar essas características do nosso ego, nossas inferioridades, e desenvolvendo as superioridades, ou virtudes como prefiro chamar, correlatas. Esse sim, é trabalho que deve ser diário, constante e persistente por toda a encarnação.
Então, no dia de hoje, preste bastante atenção em você, nos seus atos e falas, e reveja quais os pensamentos e sentimentos do ego que os motivaram, e se identificar que foram motivados por mascaras ou inferioridades, reflita profundamente em busca de uma virtude que pode ser desenvolvida para mudar essa situação, sem desespero, dor, ou pressa, afinal, você tem o resto da encarnação pra fazer isso ????
Ao final do dia, antes de dormir, reveja seus atos e falas, e veja se foram suaves, ou de alguma forma rígidos, artificiais, etc., e se houve alguma máscara descoberta durante os exercícios, reveja se você conseguiu suavizar, ou ao menos iniciou esse processo de reforma íntima, de evolução do ego. Dê a si uma nota de 1 a 5, sendo 1 “tentei” e 5 “fui muito bem”. E para as pessoas que você conectou hoje, agradeça-as, doe amor e carinho mentalmente. Que você tenha um ótimo dia e realize muito bem esse exercício.